sábado, 11 de dezembro de 2010

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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Quarto Turno

 Numa manhã dessas, ao ver um aluno debruçado sobre os cadernos, dormindo pesadamente na mesa desconfortável, ocorreu-me uma grande idéia: as escolas públicas deveriam ter um turno a mais. Solidarizei-me com as famílias de meus alunos, com a pobre mãe, exausta pelos tantos afazeres domésticos, que certamente relegará a alguém exemplar a missão de ensinar seus meninos a não soltar gazes livremente por onde passam, a comer com a boca fechada, a não limpar o nariz na manga do blusão. Solidarizei-me com os responsáveis (pais, mães, avós, madrinhas e tutores), tão desgastados pelas vicissitudes da vida, que já não podem dar conta de olhar cadernos, ler continhos infantis e catar piolhos.
Como posso eu, enquanto educadora, dormir tranqüilamente, sabendo que parte de meus alunos vivem tão mal! É de se admirar que essas famílias tão bravas, tão batalhadoras, consigam suportar suas crianças em casa durante as noites de sono. Sim, porque imaginem o que é, para uma mãe que desperta às cinco de segunda à segunda, ter que interromper as poucas horas de descanso para medicar da febre, cobrir no frio ou consolar uma criança que acordou de um pesadelo. Justiça seja feita: deveria ser direito da criança e do adolescente passar noites de sono reparadoras num ambiente onde lhes sejam garantido aconchego e proteção. Porque sabemos que grande parte desses pequeninos batem os queixos de frio nas madrugadas mais de baixas temperaturas. Sob os olhos de alguém competente e habilitado, as crianças poderiam dormir tranqüilamente... E os riscos de abuso sexual não mais existiriam. Não consigo pensar em outro lugar que não a escola para o cumprimento de tal direito. Sabemos que uma rotina bem estabelecida, com os horários fixos para dormir e uma noite de sono revigorantes, são vitalmente necessárias à saúde do educando e à aprendizagem.
   Os pais, finalmente, poderiam assistir a um bom filme, reatarem os laços afetivos e sexuais durantes as madrugadas livres. Diga-se de passagem que amar (no sentido fisiológico da palavra), é necessidade inata, portanto, direito legítimo dos pais dos nossos alunos (Poderia decorrer sobre as centenas de benefício que uma vida  sexualmente ativa traz à saúde física e mental dos seres humanos, mas não seria certo falar do que não vivo).
Por outro lado (e talvez vocês me julguem materialista), teríamos uma nova oportunidade de acúmulo, com os 33% de adicional noturno, mais a gratificação por serviço noturno! As atribuições de aulas seriam disputadíssimas. Não vamos tapar o sol com a peneira: é sabido de todos que a classe de professores é a que menos gosta de trabalhar; e que ler uma história e colocar os alunos para dormir é mais fácil que planejar aulas e xerocar atividades do próprio bolso. O turno dormitório seria um sucesso!
   Eu mesma, confesso, sinto-me atraída: acumularia os três cargos em uma única escola. Um terceiro cargo ajudaria muito lá em casa e finalmente quitaríamos o carro. De quebra, traria meu filhinho, que ouviria histórias antes de dormir, coisa que não consigo fazer lá em casa.
   Meu esposo me apoiaria, porque de qualquer forma, só cumpro minhas obrigações conjugais aos finais de semana.
   Só uma coisa eu me negaria a fazer: dar banho nos alunos. Porque temos que deixar bem claro qual é realmente o papel do professor...